Constatações sobre a fragilidade na sustentabilidade do Planeta Terra: Aquecimento global; mudança no clima e degelo dos pólos; esgotamento da capacidade do Planeta absorver dejetos; poluição atmosférica, hídrica e do solo. enquanto os problemas brasileiros: pobreza extrema e miséria absoluta; baixo IDH; desemprego, déficit habitacional; devastação do Suporte Biofísico; preservação do Aquífero Guarani; crescimento populacional nas bordas metropolitanas; grandes latifúndios, mecanização da produção agrícola; distribuição da posse da terra no Brasil; distribuição de renda, Segregação Espacial.
Nas Regiões Metropolitana Brasileiras existe: alto crescimento populacional nas periferias; ocupação ilegal em áreas de manancial e encostas; favelização; elevado preço da terra em regiões com mais infra-estrutura; Segregação Espacial; passagem de cargas em áreas urbanas; trânsito com alto nível de congestionamento; falta de vias e infra-estrutura para meios de transporte alternativos. Em conjunto temos o crescimento desordenado das cidades dormitório, locais que dispõem de poucas áreas de lazer. Suas populações possuem baixa consciência ambiental (IDH), o que agrava a fragilidade do Suporte Biofísico e de sua Biodiversidade.
Morfologia[1], legitimidade[2], fundamentabilidade[3], são os elementos base do Modelo Relacional desenvolvido pelo professor e doutor arquiteto Sylvio de Barros Sawaya. Estes se relacionam com as instâncias espaciais, seus agentes e atores, e tem como objetivo sistematizar as decisões, com todos os envolvidos nas diferentes escalas em que se tomam as decisões, refletidas no lugar.
Esse Sonho de Integração Social, poderia acontecer pelo conhecimento mútuo entre todos os envolvidos no Processo Participativo de qualquer Projeto Coletivo. Identificar e mostrar as diferentes visões de mundo, com o objetivo de reduzir as tensões presentes nas diferentes disputas territoriais. Isso significa unir as partes em prol dos interesses coletivos, respeitadas as diferentes necessidades individuais e coletivas, estas bem explícitas, para a plena compreensão dos fixos e fluxos espaciais. Só assim o individuo poderá decidir como se posicionar diante daquilo que lhe é mostrado como verdade, sem armadilhas. Hoje, montadas por um Sistema que aprisiona a existência humana das pessoas de baixa renda. Obrigados pelo Sistema a consumirem casas sem identidade, em bairros desprovidos de estruturas e infra estruturas urbanas, sem transporte adequado. São pessoas que sobrevivem as margens da Sociedade, atuando como Exército de Reserva do Sistema que pune, invés de educar, estruturalismo que multiplica a violência.
Foucault sabia que o Sistema Prisional não integra ninguém a sociedade, apenas cria um mundo infernal para quem não se enquadra no modo de vida e de consumo capitalistas: de acumulação de riquezas materiais, como carros, imóveis, jóias, roupas de grife, etc.. Por outro lado, o mesmo capitalista, massacra a individualidade do trabalhador, dos empregados dos estabelecimentos dos diferentes setores do sistema econômico vigente. Horários rígidos e longos, da jornada de trabalho e do trajeto entre o local do emprego e o local de moradia, fruto da Segregação Espacial causada pela especulação imobiliária na Região Metropolitana de São Paulo[4].
Além disso são ‘obrigados’, através das mensagens subliminares, a consumir produtos que movimentam uma Industria Predatória, fruto de uma sociedade viciada em atitudes doentias, que visam a escravização de seres humanos. Hoje pessoas menos preparadas pra se defender dessas mensagens, acabam acreditando ser a imagem mais importante que o modo de vida, e se endividam para manter as aparências, escravizadas pelo Sistema Financeiro[5].
O filósofo francês Pierre Bourdieu, diz: “ a estrutura das relações entre o campo religioso e o campo do poder comanda, em cada conjuntura, a configuração da estrutura das relações constitutivas do campo religioso que cumpre uma função externa de legitimação da ordem estabelecida na medida em que a manutenção da ordem simbólica, ao passo que a subversão simbólica da ordem simbólica só consegue afetar a ordem política quando se faz acompanhar por uma subversão política desta ordem. ... a autoridade propriamente religiosa e a força temporal que as diferentes instâncias religiosas podem mobilizar em sua luta pela legitimidade religiosa dependem diretamente do peso dos leigos por elas mobilizados na estrutura das relações de forçam entre as classes. ...”[6] portanto o objetivo é romper com os discursos da racionalidade hegemônica, através da interpretação dos fenômenos das espacialidades e contemporaneidades em busca da identificação, não apenas do que reluz diante do novo, mas que resiste e transforma. O que resistir, são os Fundamentos de uma sociedade.
O homem comum, também tem consciência da Vida Real, apesar de não saber a causa da causa das coisas (que é o conhecimento filosófico), e também da Crise de Valores e banalização do mal, vivenciados pela contemporaneidade. Não compreende direito, como se posicionar diante da esquizofrenia coletiva que vivenciamos. Bourdieu complementa, afirma que criadores e críticos das produções culturais da atualidade, são iniciados que tem um conhecimento hermético, “... – isto ocorre porque a intervenção do ‘grande público’ chega a ameaçar a pretensão do campo ao monopólio da consagração cultural.”[7]
Contrapor essa cultura das aparências, herança deixada por uma aristocracia escravocrata no Brasil, requer um Projeto Coletivo da Sociedade baseado em valores, diferentes da nossa sociedade atual. Hoje, valoriza o consumo de um ideal de beleza desprovido de qualquer sentido ou significado. Isso confunde as crianças e os jovens, o que é perigoso para aqueles com famílias desestruturadas, pois sem orientação podem seguir por caminhos que as tornem vítimas da violência.
O jurista Miguel Reale afirmou que o fenômeno jurídico possui 3 dimensões, na Teoria Tridimensional, o Modelo Jurídico é um conjunto de normas que determina ação em contrato como constituição. Está dividido em dimensões: fática, fenomenológica (axiológica) e normativa. Tudo isso é cultural e portanto construído, suas relações são estudadas na academia pelas ciências como Antropologia, Sociologia, etc. Portanto está Fundamentado no Modo de Vida da sociedade que a propõe[8].
A ONU neste ponto tem papel fundamental na universalização dos Direitos Humanos Fundamentais, em 1948 faz a Declaração Universal dos Direitos da Pessoa Humana. Continua lutando, para que as nações em que estes ainda não são respeitados pelo poder temporal, sejam instituídos de forma democrática, como em Serra Leoa. O que na prática quer dizer que o Direito Real está ligado ao momento histórico, assim como o Renascimento só floresceu após a Igreja Católica ter sido reformada, para se realizar na dimensão física. Ou seja, o Direito Legal precisa ser conquistado na vida real[9].
Espaço arquitetônico projetado pode inter-facear diferentes atores ou soluções na busca por relações simbiônticas voltadas para melhorar a qualidade de vida dos moradores das cidades contemporâneas. Contrapondo a lógica do mercado imobiliário, guiado pelos axiomas da economia capitalista. Assim o preenchimento do espaço virtual, com lugares que permitam aos agentes e atores, que atuam no espaço físico conjunto, se comunicarem em busca da otimização de suas ações. Esse processo tem como conseqüência a redução de custos operacionais; maior transparência, o que significa maior confiabilidade; e a tessitura social brasileira. Este último, no sentido de se formar um conjunto de idéias que permita caracterizar uma nação.
A consolidação da democracia pode acontecer por meio da participação popular nas decisões sobre as Políticas Públicas no território a ser blindado economicamente. Os Espaços de Sociabilidade Virtuais servem para reivindicar as ações dos responsáveis legais, para que assim todos e tudo possam conviver em harmonia, ajudando a reduzir a violência estrutural imposta pelo modelo da Matriz Econômica do Sistema Capitalista.
Para tanto, faltaria definir quais Relações de Sociabilidade entre os homens, seus grupos e com a Estrutura do Prático Inerte[10], pretendemos estabelecer. É assim que serão determinados quais inputs e outputs[11], iremos ligar e desligar no local. Assim poderemos definir quais espaços pedagógicos projetar; também como poderão estimular a noção de cidadania, através da consciência de cidadania, formar o cidadão; fazer a costura do Tecido Urbano na Estrutura do Suporte Biofísico sem agredir sua dinâmica, bordado ponto a ponto. Tudo isso definido pela Tessitura das Relações Sociais, a significação do indivíduo.
Este é o Sonho: que todos juntos pudéssemos nos unir ao redor do objetivo de projetar coletivamente o Espaço Público (o físico e o virtual). No caso poderíamos até mesmo pensar na Moda como forma de identificar o indivíduo sem massificação. Esta que na realidade poderia ser algo mais clássico e ligado ao estilo, não a aquilo que é efêmero, de forma a desestimular o consumo sem critério.
Frank Lloyd Wright, crítica a miséria do homem nas grandes cidades afirmando: “nenhum cidadão pode criar algo além de máquinas.”... “O cidadão verdadeiramente ‘urbanizado’ torna-se um vendedor de idéias rentáveis, um viajante que explora as fraquezas humanas especulando com as idéias e invenções dos outros, um parasita do espírito”... “Ele trocou seu contato original com os rios, os bosques, os campos e os animais pela agitação permanente, a contaminação do óxido de carbono e um conjunto de celas de aluguel instaladas sobre a rigidez de um solo artificial.”...” a própria vida é cada vez menos ‘suportável’ na grande cidade. A vida do cidadão ‘urbanizado’ é artificial e gregária; torna-se a aventura cega de um animal artificioso.”[12]
Wright fala também sobre democracia: “A democracia não pode se permitir ao luxo de confundir a simples personalidade com a verdadeira individualidade humana. Do mesmo modo como a vontade humana e o puro intelecto nunca poderão produzir uma individualidade autêntica.”
Milton Santos, em 8/01/2001, disse em entrevista ao jornal Folha de São Paulo: “A globalização, tal como ela se relaciona com o Brasil, criou uma seletividade maior ainda no uso dos Recursos Públicos, que se tornaram muito mais orientados para a vida produtiva que para a problemática social.”
As idéias assim sem ligação com o local ficam fora do lugar, e o lugar permanece fora das idéias[13]. A prática do Planejamento Urbano no Brasil é bem diferente da retórica dos políticos brasileiros. Portanto qual seria o melhor Sistema de Informação e Comunicação[14], que fosse capaz de garantir a ética nas Relações Financeiras?
Pensamos em associar um SIC ao projeto físico, através dele o espaço territorial seria apropriado, por um caminho de relacionamentos com a Estrutura do Prático Inerte de Sartre[15]. Através das novas tecnologias poderíamos ter consciência de coisas que não conseguiríamos antes, enfim uma infinidade de possibilidades de se relacionar visualmente, em tempo real, pela internet, instrumentos novos voltados para o trabalho, diversão e Vida Activa. E por que não, para elaborarmos nossa Razão Comunicativa Habermasiana à enésima potência? Esta seria a Quinta Dimensão, segundo o filósofo e escritor Roberto Costa Pinho.
“O Espaço deixa de ser Espaço e passa e ser Tempo”[16], através de formas e fluxos que se relacionam na Estrutura do Prático Inerte. Espaço é Natureza, o Planeta Terra é o espaço, o que é diferente do nosso Universo Cultural que podemos chamar de mundo. Os Atores Sociais, agem (deveriam) com base em um Projeto Político de Sociedade, seus Agentes, no Sentido de Pertencimento, são aqueles que possuem Identidade Sócio Territorial. O Território é Divisão Política, e pode ser dividido em Instância Social. É historicamente construído pelas ações de toda a coletividade. Já aquilo que é territorial, segundo as teorias de bases endógenas[17], pode criar resistência ao processo de globalização. São relações que se estabelecem no Espaço, físico ou virtual, e que objetivam fortalecer a economia local. Isso acontece quando existe Identidade Cultural dos usuários expressa no Espaço, o que permite o Acontecer Solidário, gerando uma Cultura da Paz.
[1] modo como elementos se relacionam, como se conformam os lugares de encontro entre vizinhos no Ambiente Urbano, através dela podemos também desenhar Espaços de Sociabilidade, Equipamentos Urbanos e toda Infra-estrutura Urbana, todos em total equilíbrio com o Ecossistema Terrestre. (Notas de aula. Projeto Sensível e Projeto tecnológico. FAU - USP, 2006.)
[2] radicalização do conceito, a partir da sociedade mercantil urbana no século XVII. A arquitetura formaliza espaços democráticos que são um Direito de todo cidadão brasileiro, mas que poucos tem consciência de que além de ser desumano é também ilegal, viver sem acesso aos Direitos Humanos Fundamentais. (Notas de aula. Projeto Sensível e Projeto tecnológico. FAU - USP, 2006.)
[3] diz respeito aquilo que é permanente, estrutura aquilo que é transitório. É regido pelo Sagrado e o Profano na sociedade, dimensão em que se estabelece as relações de valor e poder. (Notas de aula. Projeto Sensível e Projeto tecnológico. FAU - USP, 2006.)
[4] VILLACA, Flávio, 1998.
[5] UMBELINO, Ariovaldo, N.A., 2008.
[6] BOURDIEU, Pierre, 2005.
[7] BOURDIEU, Pierre, 2005. (p. 107)
[8] N.A., 2007.
[9] BOBBIO, Norberto, 1990.
[10] SANTOS, Milton, 1996.
[11] MODESTO, Luiz, 2007.
[12] CHOAY, Françoise, 2002.
[13] MARICATO, Ermínia. IN: ARANTES, 2000.
[14] QUEIROGA, Eugenio, (N.A.), 2008.
[15] SANTOS, Milton. 1996.
[16] SANTOS, Milton. 1996.
[17] LEMES, Manoel. N.A., 2005.
Esse poderia ser o Nosso Projeto de País!
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