Bordando novas Paisagens
novembro 22nd, 2009 by Cristiane Larsen Rocha original: http://culturadigital.br/terracionalcombr/
Morfologia, modo como elementos se relacionam, como se conformam os lugares de encontro entre vizinhos no Ambiente Urbano, através dela podemos também desenhar Espaços de Sociabilidade, Equipamentos Urbanos e toda Infra-estrutura Urbana, todos em total equilíbrio com o Ecossistema Terrestre.
Legitimidade, radicalização do conceito, a partir da sociedade mercantil urbana no século XVII. A arquitetura formaliza espaços democráticos que são um Direito de todo cidadão brasileiro, mas que poucos tem consciência de que além de ser desumano é também ilegal, viver sem acesso aos Direitos Humanos Fundamentais.
Fundamentabilidade, diz respeito aquilo que é permanente, estrutura aquilo que é transitório. É regido pelo Sagrado e o Profano na sociedade, dimensão em que se estabelece as relações de valor e poder.
Os elementos acima citados e conceituados, são a base do Modelo Relacional desenvolvido por Sylvio Sawaya. Estes se relacionam com as instâncias espaciais, seus agentes e atores, tem como objetivo sistematizar as decisões, com todos os envolvidos nas diferentes escalas em que se tomam as decisões, refletidas no lugar. Através do conhecimento mútuo de todos os envolvidos no Processo Participativo de Projeto, sobre as diferentes visões de mundo com o objetivo de reduzir as tensões presentes nas diferentes disputas territoriais.
O filósofo francês Pierre Bourdieu, diz: “ a estrutura das relações entre o campo religioso e o campo do poder comanda, em cada conjuntura, a configuração da estrutura das relações constitutivas do campo religioso que cumpre uma função externa de legitimação da ordem estabelecida na medida em que a manutenção da ordem simbólica, ao passo que a subversão simbólica da ordem simbólica só consegue afetar a ordem política quando se faz acompanhar por uma subversão política desta ordem. … a autoridade propriamente religiosa e a força temporal que as diferentes instâncias religiosas podem mobilizar em sua luta pela legitimidade religiosa dependem diretamente do peso dos leigos por elas mobilizados na estrutura das relações de forçam entre as classes. …” portanto o objetivo é romper com os discursos da racionalidade hegemônica, através da interpretação dos fenômenos das espacialidades e contemporaneidades em busca da identificação, não apenas do que reluz diante do novo, mas que resiste e transforma. O que resistir, são os Fundamentos de uma sociedade.
O fenômeno de crescimento populacional da Região Metropolitana de São Paulo teve início com o êxodo rural[1] no final do séc. XIX com a chegada da Indústria de bens não duráveis. Mas no final do segundo quarto do século passado, houve um maior adensamento e aceleração desse processo com a Política Getulista[2]. Na década de 70 do século passado a mecanização no processo de produção da indústria, trouxe a diminuição na oferta de empregos. E assim o processo de adensamento vertiginoso dos subúrbios se intensificaram, assim como as ocupações ilegais e moradias subnormais[3].
Espaço arquitetônico projetado pode inter-facear diferentes atores ou soluções na busca por relações simbiônticas voltadas para melhorar a qualidade de vida dos moradores dos atuais subúrbios dormitórios. Caso contrario sofrerão novo processo de expulsão das áreas que já dispõe de infra-estrutura social e econômica, conforme da lógica do mercado imobiliário da economia capitalista.
Essa lógica é cruel e não se relaciona com a estrutura do Suporte Biofísico, interage com a especulação imobiliária conforme verificamos no capitulo 5. A consolidação da democracia na bacia do Juqueri, pode acontecer por meio da participação popular nas decisões de Políticas Públicas na região e também para reivindicar as ações dos responsáveis legais para que tudo possa conviver em harmonia.
O desenho da ocupação da Comuna da Terra Dom Tomás Balduíno, invade as áreas de Reserva Permanente do Patrimônio Natural, tais como as matas ciliares e topos de morros, o projeto do assentamento manteve o vício das trilhas dos índios, as montantes e as jusantes. As casas estão situadas ao longo das vias, e não criam os locais de sociabilidade.
A costura do tecido urbano na Estrutura do Suporte Biofísico buscando não agredi-lo, gentilmente bordando ponto a ponto é acompanhado da costura das relações sociais, os vínculos foram estabelecidos sem critérios de afinidade e agora poderiam ser reformulados. É o objetivo do projeto realizado para Uso e Sistema Viário da APA “Odette Rocha”, em escala 1:2500, o dobro do projeto realizado pelo ITESP.
Mas ainda isso é pouco, pois meu projeto foi realizado de modo autocrático, a medida em que eu não pude realizar o processo participativo de projeto, devido as ressalvas dos assentados, pois já foram muito pesquisados e já realizaram muitas reuniões, estão cansados de conversa fiada, querem resultado. Ainda assim, esse material que produzimos poderia ser utilizado em reuniões para discutirmos o que seria o projeto ideal pra aquele espaço.
Este é sonho: que todos juntos pudéssemos nos unir ao redor do objetivo de projetar coletivamente o espaço público da Antiga Fazenda São Roque, e também o privado com maior critério, para assim garantir a escala do detalhe na execução do projeto. No caso poderíamos até mesmo pensar na moda como forma de identificar o indivíduo sem massificação, na realidade deve ser algo mais clássico e ligado a estilo ao invés daquilo que é efêmero.
Frank Lloyd Wright, critica a miséria do homem nas grandes cidades afirmando: “nenhum cidadão pode criar algo além de máquinas.”… “O cidadão verdadeiramente ‘urbanizado’ torna-se um vendedor de idéias rentáveis, um viajante que explora a fraquezas humanas especulando com as idéias e invenções dos outros, um parasita do espírito”… “Ele trocou seu contato original com os rios, os bosques, os campos e os animais pela agitação permanente, a contaminação do óxido de carbono e um conjunto de celas de aluguel instaladas sobre a rigidez de um solo artificial.”…” a própria vida é cada vez menos ‘suportável’ na grande cidade. A vida do cidadão ‘urbanizado’ é artificial e gregária; torna-se a aventura cega de um animal artificioso.”[4] Wright fala também sobre democracia: “A democracia não pode se permitir ao luxo de confundir a simples personalidade com a verdadeira individualidade humana. Do mesmo modo como a vontade humana e o puro intelecto nunca poderão produzir uma individualidade autêntica.”
Milton Santos, em 8/01/2001disse em entrevista ao jornal Folha de São Paulo: “ A globalização, tal como ela se relaciona com o Brasil, criou uma seletividade maior ainda no uso dos recursos públicos que se tornaram muito mais orientados para a vida produtiva que para a problemática social.”
[1] Por volta de 1875, após a construção da Estrada de Ferro São Paulo Railway para o escoamento do café produzido no interior paulista, houve o primeiro “boom” industrial. Junto com ele, a cidade de São Paulo teve sua expansão urbana intensificada, e com ela também as cidades vizinhas no entorno da linha férrea, entre elas, a cidade de Franco da Rocha que acabou se transformando em subúrbio dormitório, característica ainda muito presente na região. No início da década de 50 do século passado houve em São Paulo o segundo “boom” da indústria, dessa vez a de bens duráveis, o que chamou a atenção de muita gente que morava em áreas rurais que acabaram por fazer o êxodo rural, inchando a cidade de São Paulo e também as cidades vizinhas. LANGENBUCH, 1971.
[2] Construiu a Infra-Estrutura necessária para a entrada da indústria de bens duráveis, como o automóvel. idem.
[3] IBGE.
[4] CHOAY, Françoise, 2002.
Legitimidade, radicalização do conceito, a partir da sociedade mercantil urbana no século XVII. A arquitetura formaliza espaços democráticos que são um Direito de todo cidadão brasileiro, mas que poucos tem consciência de que além de ser desumano é também ilegal, viver sem acesso aos Direitos Humanos Fundamentais.
Fundamentabilidade, diz respeito aquilo que é permanente, estrutura aquilo que é transitório. É regido pelo Sagrado e o Profano na sociedade, dimensão em que se estabelece as relações de valor e poder.
Os elementos acima citados e conceituados, são a base do Modelo Relacional desenvolvido por Sylvio Sawaya. Estes se relacionam com as instâncias espaciais, seus agentes e atores, tem como objetivo sistematizar as decisões, com todos os envolvidos nas diferentes escalas em que se tomam as decisões, refletidas no lugar. Através do conhecimento mútuo de todos os envolvidos no Processo Participativo de Projeto, sobre as diferentes visões de mundo com o objetivo de reduzir as tensões presentes nas diferentes disputas territoriais.
O filósofo francês Pierre Bourdieu, diz: “ a estrutura das relações entre o campo religioso e o campo do poder comanda, em cada conjuntura, a configuração da estrutura das relações constitutivas do campo religioso que cumpre uma função externa de legitimação da ordem estabelecida na medida em que a manutenção da ordem simbólica, ao passo que a subversão simbólica da ordem simbólica só consegue afetar a ordem política quando se faz acompanhar por uma subversão política desta ordem. … a autoridade propriamente religiosa e a força temporal que as diferentes instâncias religiosas podem mobilizar em sua luta pela legitimidade religiosa dependem diretamente do peso dos leigos por elas mobilizados na estrutura das relações de forçam entre as classes. …” portanto o objetivo é romper com os discursos da racionalidade hegemônica, através da interpretação dos fenômenos das espacialidades e contemporaneidades em busca da identificação, não apenas do que reluz diante do novo, mas que resiste e transforma. O que resistir, são os Fundamentos de uma sociedade.
O fenômeno de crescimento populacional da Região Metropolitana de São Paulo teve início com o êxodo rural[1] no final do séc. XIX com a chegada da Indústria de bens não duráveis. Mas no final do segundo quarto do século passado, houve um maior adensamento e aceleração desse processo com a Política Getulista[2]. Na década de 70 do século passado a mecanização no processo de produção da indústria, trouxe a diminuição na oferta de empregos. E assim o processo de adensamento vertiginoso dos subúrbios se intensificaram, assim como as ocupações ilegais e moradias subnormais[3].
Essa lógica é cruel e não se relaciona com a estrutura do Suporte Biofísico, interage com a especulação imobiliária conforme verificamos no capitulo 5. A consolidação da democracia na bacia do Juqueri, pode acontecer por meio da participação popular nas decisões de Políticas Públicas na região e também para reivindicar as ações dos responsáveis legais para que tudo possa conviver em harmonia.
O desenho da ocupação da Comuna da Terra Dom Tomás Balduíno, invade as áreas de Reserva Permanente do Patrimônio Natural, tais como as matas ciliares e topos de morros, o projeto do assentamento manteve o vício das trilhas dos índios, as montantes e as jusantes. As casas estão situadas ao longo das vias, e não criam os locais de sociabilidade.
A costura do tecido urbano na Estrutura do Suporte Biofísico buscando não agredi-lo, gentilmente bordando ponto a ponto é acompanhado da costura das relações sociais, os vínculos foram estabelecidos sem critérios de afinidade e agora poderiam ser reformulados. É o objetivo do projeto realizado para Uso e Sistema Viário da APA “Odette Rocha”, em escala 1:2500, o dobro do projeto realizado pelo ITESP.
Mas ainda isso é pouco, pois meu projeto foi realizado de modo autocrático, a medida em que eu não pude realizar o processo participativo de projeto, devido as ressalvas dos assentados, pois já foram muito pesquisados e já realizaram muitas reuniões, estão cansados de conversa fiada, querem resultado. Ainda assim, esse material que produzimos poderia ser utilizado em reuniões para discutirmos o que seria o projeto ideal pra aquele espaço.
Este é sonho: que todos juntos pudéssemos nos unir ao redor do objetivo de projetar coletivamente o espaço público da Antiga Fazenda São Roque, e também o privado com maior critério, para assim garantir a escala do detalhe na execução do projeto. No caso poderíamos até mesmo pensar na moda como forma de identificar o indivíduo sem massificação, na realidade deve ser algo mais clássico e ligado a estilo ao invés daquilo que é efêmero.
Frank Lloyd Wright, critica a miséria do homem nas grandes cidades afirmando: “nenhum cidadão pode criar algo além de máquinas.”… “O cidadão verdadeiramente ‘urbanizado’ torna-se um vendedor de idéias rentáveis, um viajante que explora a fraquezas humanas especulando com as idéias e invenções dos outros, um parasita do espírito”… “Ele trocou seu contato original com os rios, os bosques, os campos e os animais pela agitação permanente, a contaminação do óxido de carbono e um conjunto de celas de aluguel instaladas sobre a rigidez de um solo artificial.”…” a própria vida é cada vez menos ‘suportável’ na grande cidade. A vida do cidadão ‘urbanizado’ é artificial e gregária; torna-se a aventura cega de um animal artificioso.”[4] Wright fala também sobre democracia: “A democracia não pode se permitir ao luxo de confundir a simples personalidade com a verdadeira individualidade humana. Do mesmo modo como a vontade humana e o puro intelecto nunca poderão produzir uma individualidade autêntica.”
Milton Santos, em 8/01/2001disse em entrevista ao jornal Folha de São Paulo: “ A globalização, tal como ela se relaciona com o Brasil, criou uma seletividade maior ainda no uso dos recursos públicos que se tornaram muito mais orientados para a vida produtiva que para a problemática social.”
[1] Por volta de 1875, após a construção da Estrada de Ferro São Paulo Railway para o escoamento do café produzido no interior paulista, houve o primeiro “boom” industrial. Junto com ele, a cidade de São Paulo teve sua expansão urbana intensificada, e com ela também as cidades vizinhas no entorno da linha férrea, entre elas, a cidade de Franco da Rocha que acabou se transformando em subúrbio dormitório, característica ainda muito presente na região. No início da década de 50 do século passado houve em São Paulo o segundo “boom” da indústria, dessa vez a de bens duráveis, o que chamou a atenção de muita gente que morava em áreas rurais que acabaram por fazer o êxodo rural, inchando a cidade de São Paulo e também as cidades vizinhas. LANGENBUCH, 1971.
[2] Construiu a Infra-Estrutura necessária para a entrada da indústria de bens duráveis, como o automóvel. idem.
[3] IBGE.
[4] CHOAY, Françoise, 2002.
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