PROJETO PARANGOLÉ CIBERNÉTICO

Sonho de uma sociedade solidária e utópica, fundamentada no desenvolvimento endógeno e sustentável. Na qual todos tenham oportunidades iguais, desde o ventre materno. De modo que o bem estar do Ser Humano, em todas as escalas, seja seu foco.

Criar a infra estrutura necessária para que a Quarta Geração de Direitos (definição criticada pelo professor Paulo Bonavides que afirma que o Direito não pode ser fragmentado), seja materializada no Espaço Pleno. A saber, entende-se que tais diretos se referem: aos Bio direitos; a pluralidade Democrática; direito a informação; direito a comunicação com outras esferas culturais. É preciso lembrar das mulheres, que são oprimidas e vitimas facilmente de violência sexual, assim como dos grupos sociais mais vulneráveis como as crianças, idosos e deficientes.

É mister mudar a realidade atual, na qual a Constituição Brasileira se tornou uma expressão polissêmica, na qual cada um vê aquilo que quer. Essa questão só poderá ser resolvida com espaços que possibilitem amplas discussões com toda sociedade, pois a efetivação do Direito a comunicação exige a criação de léxico comum e formação da Razão Comunicativa Habermasiana que contrapõe a Razão Cativa, objetivo da Lei Rouanet, para assim compormos nossa Tessitura Social, objetivando a Invenção da República Brasileira.

Mas para que estes Direitos afirmados pela Onu possam se tornar Real, o profissional arquiteto planejador deverá propor espaços onde possamos viver em comunhão com aquilo que é natural, com animais, plantas e principalmente as diferentes individualidades alheias . Tarefa a ser realizada por um numeroso time de pensadores do futuro, afinal nenhum projeto pode ser igual ao outro, visto que, em cada lugar existem diferentes especificidades que comporão necessariamente diferentes projetos.

O trabalho do Arquiteto pode ser também desenvolver os Sistemas de Informação Geográfica, posto que demandam Significação. Isto feito os valores já presentes no cotidiano das comunidades, são incorporados ao local pelo Processo de Projeto Participativo, assim o local conseguirá abrigar os inputs e outputs definidos coletivamente pela sociedade, a consulta as comunidades permite contextualização do lugar, assegurando assim a interface com o Mundo Real.

É uma forma de aproximar escalas tão distantes quanto as da unidade habitacional e da cidade, isso pode romper com o condicionalismo sócio-cultural, e inserir a unidade habitacional em um contexto mais complexo. Busca também a preservação dos eventuais vínculos simbiônticos existentes, assim como seu fortalecimento.

Para melhor compreensão da resultante dessas ações e forças, é necessária sua sistematização, o que possibilitaria uma manipulação mais rápida e precisa destes dados, mostrando a realidade. Os sistemas deveriam estar conectados a ‘blogs’ de acesso público, tipo http://twitter.com, vinculados aos problemas enfrentados pela administração pública, Organizações da Sociedade Civil, mesmo as entidades particulares, no exercício de suas funções. Nesse momento chegamos a interface com a Dimensão da América Latina.

O projeto da Unesco, que tem o objetivo afirmar o Direito a Informação, se torna a interface latino-americana do Projeto Parangolé Cibernético. Assim o Espaço Vital, expresso pelas necessidades territoriais de uma sociedade em função do seu desenvolvimento tecnológico, isto segundo Ratzel , estará asseguradamente ampliado. Assim como outros movimentos políticos, que afirmam ser a razão de ser do Estado. Mas infelizmente, No Congres Internacional d’Architecture Moderne, em 1928 foi dito: “A Arquitetura Moderna reduziu o espaço individual, junto com certas necessidades individuais, doravante desprovida de uma verdadeira justificativa”. Até hoje ninguém fez nada para devolver ao brasileiro o Espaço Vital necessário para desenvolver outras formas de viver, tornando-os escravos, condicionados a um Modo de Vida Escravocrata, que chega na América Latina com a invasão portuguesa, que dizimou milhões de tribos indígenas que partilhavam de um Modo de Vida Livre de qualquer servidão. Então, como poderemos fazer justiça?

O arquiteto norte-americano Halprin abstraiu o conceito de espacialização de uma peça musical de teatro, para o Processo Participativo de Projeto (Resource Score Valuation Process – link:http://escholarship.org/uc/item/1qq9q4dv), assim como todos os campo do esforço humano. Esse método possibilita a incorporação de diferentes dimensões ao mesmo tempo, com isso o primeiro projeto pode mudar completamente, se assim todos preferirem. São ciclos que ele estabeleceu quatro elementos de fundamentação: R = “Resource whit are what you have to work with.”; S = Score (“a printed piece of music showing at the parts for the instruments or voices”): descrição do processo dominante do desempenho; V = Valuation -> avaliação com análise de resultados das ações, possibilidades escolhidas e decisões tomadas; P = Processo, aquilo que integra tudo.

Os lugares se articulam horizontalmente no território e verticalmente em rede para ação dos atores sub-locais e são únicos, híbridos e singulares contém e são contidos pelo global. Sua valorização deve ser orientada para além da valorização das formas do lugar, compreendendo também o Sistema de ações do lugar, preexistentes e potenciais. A relação da ação econômica no Território, pode ser o meio do ensinamento do ciclo da água e das conseqüências que o mesmo sofrerá, no caso da continuidade dos atuais: nível de emissão de poluentes no Ambiente Natural; e utilização dos Recursos Naturais sem os devidos estudos sobre o Impacto Ambiental dessas ações.

Qual o Modelo de Sociedade que poderá sobreviver aos problemas ambientais que existem no Planeta? Qual a filosofia exemplifica as qualidades necessárias, e as ensinara à humanidade sobre essa Nova Era de transformação para um modelo que privilegie o real valor do Ser Humano e da vida no Planeta Terra? Qual o Modo de Vida que deveremos adotar para sobreviver às catástrofes, provocadas pelo homem, que estão por vir? Quem deverá estar (ou está) no comando dessa transformação? Ela acontece de modo eficiente? Como será a Matriz desse novo Sistema? Como garantir a estabilidade das relações de Força e Poder?



Bibliografia:

AMORIM, Ricardo, POCHMANN, Marcio. Atlas da Exclusão Social no Brasil. São Paulo: Cortez, 2004.
ARENDT, Hannah. A Condição Humana. Rio de Janeiro: Forense UNV, 1997.
ARENDT, Hannah. A vida do espírito, o pensar, o querer e o julgar. S.l.: s.c.p., s.d.
ARRUDA, Andréa. O espaço "concebido" e o espaço "vivido" da morada rural : políticas públicas x modo de vida camponês. São Paulo: Dissertação de Mestrado – FAU – USP, 2007.
BOBBIO, Norberto. A Era dos Direitos. Rio de Janeiro: Ed. Campus, 1990.
BOURDIEU, Pierre. O poder simbólico. Lisboa: Difel, 1989.
BOURDIEU, Pierre. A economia das trocas simbólicas. São Paulo: Perspectiva, 5ª edição, 2004.
CASTELLS, Manuel . O Poder da Identidade – A Era da Informação: Economia, Sociedade e Cultura – Volume II . São Paulo: Paz e Terra, 2002.
CASTRO, Iná E., CORREA, Roberto, GOMES, Paulo. Geografia: Conceitos e Temas. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1995.
COMISSÃO TEOTÔNIO VILELA. Unidades Integradas: uma experiência piloto com presidiários. Brasília: Sem casa publicadora, 1982.
DEÁK, C., SCHIFFER, S. (orgs.). O Processo de Urbanização no Brasil. São Paulo: EDUSP, 1999.
ECO 92. Agenda 21. Rio de Janeiro: s.c., 1992.
ELIADE, Mircea. O Sagrado e o Profano. São Paulo: Martins Fontes,1992.
FERRY, Luc. A Nova Ordem Ecológica: a árvore o animal e o homem. São Paulo: Editora Ensaio, 1994.
FERRARA, Lucrecia. Leitura sem palavras. São Paulo: Atica, 1993.
__________________ Olhar periférico. São Paulo: Edusp, 1999.
HABERMAS, Jürgen, O Discurso Filosófico da Modernidade. São Paulo: Martins Fontes, 2002.
LESSA, Renato. A invenção republicana. Rio de Janeiro: Vértice, 1988.
MODESTO, Luiz Sergio. Arquetrio. São Paulo: Ed. Edicção, 2007.
NESBITT, Kate. Uma Nova Agenda Para a Arquitetura. São Paulo: Cosac Naify, 2006.
QUEIROGA, Eugenio Fernandes. A megalópole e a praça : o espaço entre a razão de dominação e a ação comunicativa. São Paulo: (Tese de doutoramento apresentada a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP), 2002.
___________________________ O lugar da praça. Campinas: Edições Territorial, 2003.
RAPOPORT, Amos. Aspectos humanos de la forma urbana. Barcelona: Gustavo Gili, 1978.
ROUANET, Sérgio Paulo. A razão cativa. As ilusões da consciência: de Platão a Freud. São Paulo: Brasiliense, 1985.
ROUANET, Sérgio Paulo. As razões do iluminismo. São Paulo: Companhia das Letras, 1987.
SANTOS, Milton. A Natureza do Espaço. São Paulo: Edusp, 2004.
SANTOS, Mílton. Metamorfoses do Espaço Habitado. São Paulo: Hucitec, 1996.
SANTOS, Milton. O Brasil, território e sociedade no início do século XXI. São Paulo: Record,2001.
SANTOS, Milton. O espaço dividido. São Paulo: Edusp, 2004.
STHÖR, Walter. Desarrolo desde abajo: el paradigma de desarrolo de abajo hacia arriba, y de la periferia hacia adentro. In: Stohr, Walter; Taylor, D. R. F.. “Development from above or below?”. s.l.: s.c.p., 1981.
TOPOLOV, Christian. Fazer historia da pesquisa urbana: a experiência francesa desde 1965. São Paulo: Espaços & Debates, 23, 1988.
VELHO, Octavio, O Fenômeno Urbano. s.l., s.c., 1979.
VILLAÇA, Flávio. Espaço Intra-Urbano. São Paulo: Livros Studio Nobel, 1998.

Comentários